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MEMÓRIA

Vênica Casa
Belo Horizonte – MG
Novembro/2016

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Quando a casa, onde o atelier existiu durante um longo tempo, ia ser demolida, resolvi guardar os tacos de um pequeno cômodo da casa, onde preciosidades do atelier eram armazenadas. Um dia, quem sabe, eles seriam usados. Os tacos eram não só a memória do espaço, como a memória do material, alguns intactos, outros bastante danificados pelo tempo, mas com a memória do que foram um dia.  Corroídos e estragados, os tacos representavam o passado no presente e o presente no futuro. Como parte do atelier que se esvaziava, levavam a memória física e afetiva do lugar. A memória não é um simples lembrar ou recordar, mas a relação com o tempo, com aquilo que está invisível ou ausente. O que sobrevive é aquilo que existiu no passado. A ruína pode, por um lado, evocar o passado glorioso e a caducidade das coisas e ser objeto de reflexão. A memória procura salvar o passado para servir o presente e o futuro, nos ligando às coisas e aos lugares – a presentificação do passado. A memória recupera a graça do tempo e o que o tempo prometia. A cerâmica também guarda a sua memória e se perpetua. O que a memória ama, nela permanece para sempre. Nicia Braga, 2016

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